Os veículos elétricos serão a solução para os problemas das grandes cidades?

Correio Mecânico
fevereiro21/ 2022

 

Começamos mais um ano na nossa coluna matéria técnica, em primeiro lugar quero desejar a todos os leitores um excelente ano, com muita felicidade, saúde e sucesso profissional e pessoal.

Neste primeiro artigo de 2022 vamos falar sobre possíveis soluções para os problemas de mobilidade nas grandes cidades. Obviamente o meio ambiente é a principal alvo das montadoras de veículos ao redor do mundo.

Neste sentido, os veículos elétricos têm se destacado na mídia e nas engenharias dos fabricantes, mas será essa a solução para todos os nossos problemas?

A primeira pergunta é: em quanto tempo a tecnologia elétrica estará disponível para a maioria da população mundial? Como garantir que mesmo sendo uma realidade, os veículos elétricos terão preços acessíveis, mão de obra especializada e locais próprios para realizar as manutenções, peças sobressalentes disponíveis, descarte consciente dos resíduos, dentre outros.

A segunda pergunta: a tecnologia elétrica reduzirá os problemas de congestionamento nas grandes cidades? A resposta é, claro que não, certamente reduzirá em muito as emissões de poluentes, porém, não reduzirá congestionamentos. Para isso, temos que pensar na utilização de veículos menores ou alternativos como as bicicletas, o transporte coletivo de boa qualidade, dentre outros.

As cidades carecem de projetos que racionalizem a movimentação das pessoas quer para o lazer quer para o trabalho, corredores exclusivos para ônibus, ciclovias e até calçadas com poucos obstáculos. Para tanto, uma equipe especializada deve trabalhar para organizar melhorias todo o tempo.

Infelizmente, vivemos de projetos pontuais que raramente fazem parte de um estudo amplo e constante. Em regra os resultados não são positivos e acabam perpetuando os problemas crônicos.

Voltando a falar da necessidade de veículos de passeio menores, a média mundial dos passageiros transportados por veículo é de 1,3 pessoas, uma delas certamente o motorista, por enquanto, até que os veículos autônomos cheguem.

Desta forma, a quantidade de veículos operando nas cidades é enorme, fato que poderia ser minimizado com a carona solidária e outras soluções pertinentes. Acontece que hoje um veículo é sinal de status e a tendência é que os SUVs (Sport Utility Vehicle) sejam a maioria dos veículos que rodam pelas cidades em pouco tempo. Atualmente já é visível o crescimento de vendas destes modelos em relação aos demais.

Na situação atual, os SUVs representam maior consumo de combustível, maior área utilizada nas ruas, maior descarte de peças em fim de vida útil (trocas) e maior possibilidade de descarte viável ao final da vida do veículo como um todo.

Então, além de viabilizar a utilização de veículos com baixa ou nenhuma emissão de poluentes, temos que pensar em mudar a consciência das pessoas para utilização de veículos de menor porte.

Por outro lado, as montadoras devem se debruçar em projetos de veículos menores que possibilitem conforto e segurança aos seus ocupantes e aos pedestres. Cabe aos governos mundiais em qualquer esfera mostrar essa necessidade para a população, através de campanhas nas mídias e talvez até com a redução, mesmo que temporária dos impostos e taxas.

Em qualquer dos cenários, devem ser viabilizados locais públicos onde se possam abastecer os veículos elétricos, uma vez que sem isso a própria tecnologia poderá ser descartada pela dificuldade de encontrar um ponto de carregamento.

Como podemos ver, o futuro dos veículos ainda é nebuloso e durante muitos anos, ainda, iremos conviver com nossos problemas atuais. Cabe a todos nós trabalhar para viabilizar mudanças que não serão tão rápidas quanto parecem.

Até lá tente fazer a sua parte, cuidando da manutenção do seu veículo, utilizando, quando possível, o transporte coletivo e a mobilidade através de bicicletas e outros veículos não poluidores.

Pense bem, o futuro depende de todos nós.

*Helio da Fonseca Cardoso –  Engenheiro Mecânico; Membro da Comissão Técnica de Segurança  Veicular da AEA ( Associação Brasileira de Engenharia Automotiva )

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